28 de junho de 2011

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14 de junho de 2011

População obesa mundial dobrou em três décadas
Com os Estados Unidos liderando a tendência, a obesidade no mundo dobrou entre 1980 e 2008, de acordo com uma pesquisa global publicada hoje no "Lancet".

É preciso reverter a tendência para aumentar a longevidade.

Já tínhamos conhecimento de que o excesso de peso e a obesidade tornam-se mais frequentes no mundo, mas não havia ainda uma pesquisa que apresentasse dados coletados de tantos países - e com uma análise evolutiva de quase 30 anos. Embora o IMC (índice de massa corporal) não seja o único nem o melhor indicador, é o mais utilizado em avaliações de grandes amostras, pela facilidade de sua determinação e sua associação com doenças ligadas ao excesso de adiposidade.

A constatação de que o IMC aumenta a cada década é preocupante porque pode significar o aumento do risco de mortalidade por diabetes e suas complicações, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.

É interessante notar que, embora haja aumento da prevalência de obesidade e, portanto, da mortalidade a ela associada, a expectativa de vida tende a crescer na maioria dos países. Significa que outras causas de mortalidade estão diminuindo. Se conseguirmos evitar o avanço da obesidade, teremos um aumento maior ainda da longevidade das populações.

Com exceção dos homens da África Central e do sul da Ásia, pessoas de todas as regiões do planeta registraram aumentos do IMC.

Isso talvez se deva ao maior acesso a alimentos e à diminuição de atividade física, ocasionada pela disseminação do uso de máquinas para fazer trabalhos antes manuais e a melhoria do transporte. Possivelmente, também, reflete uma globalização dos hábitos alimentares. Um exemplo é a presença de cadeias de fast food em todos os continentes. Houve grandes diferenças na variação de IMC entre diversas regiões e entre os sexos. O estudo dessas diferenças geográficas, econômicas e culturais pode ser útil na elaboração de políticas de saúde voltadas à prevenção.

China passou da privação à gula exagerada em duas gerações

Na celebração do Ano-Novo chinês, anteontem, jantei na casa dos pais de um amigo. Havia cinco pessoas à mesa, mas o banquete, com 15 pratos, encheria facilmente outros cinco estômagos.

No centro da mesa havia uma montanha de bacon com canela e alho: "Porco Cozido ao Estilo da Família Mao", explicou o anfitrião, um bancário de 49 anos.

"Antes, só o Mao podia comer esse prato, o país era pobre. Quando eu era criança, havia racionamento."

Os terríveis anos sob a era Mao, que mataram de fome até 30 milhões entre 1959 e 1961, são uma amarga lembrança, hoje, para a segunda economia mundial. O problema agora é o exagero.

A rápida deterioração dos hábitos alimentares chineses é o tema de "Fat China: How Expanding Waistlines are Changing a Nation" (China gorda: como as cinturas em expansão estão mudando uma nação), de Paul French e Matthew Crabbe.

O livro mostra que a obesidade cresce entre jovens urbanos e membros da classe média, o que tende a se agravar com a contínua migração do campo para a cidade.

"Adoraria colocar a culpa só no McDonald's. Infelizmente, não posso", disse o britânico French, em entrevista a um site. "Os tamanhos da porções estão maiores, as pessoas petiscam batatas fritas e chocolate no lugar de sementes e frutas secas."

A urbanização tem levado os chineses a consumir comida pronta. "Isso acontece no Ocidente. Mas, como quase tudo na China, aqui ocorre mais tarde e com velocidade maciça", afirmou French.

O livro analisa ainda a geração dos mimados filhos únicos, frutos do controle de natalidade. "Há muito gasto por criança. É compreensível. Em certo sentido é uma conquista, é passar da fome à gula em duas gerações."

Pressão e taxas de colesterol caem nos países mais ricos



Entre 1980 e 2008, houve uma pequena queda na média global desses dois índices, segundo a pesquisa publicada hoje no "Lancet".

As regiões onde a queda da pressão foi mais expressiva estão no mundo desenvolvido: Estados Unidos e Canadá, especialmente entre os homens, e Austrália e Nova Zelândia, para as mulheres.

Mas o mundo tem ainda 1 bilhão de hipertensos (pessoas com pressão sistólica acima de 140 mmHg e diastólica além de 90 mmHg).

Os países no oeste africano estão no topo dos níveis de pressão, com média de 135 mmHg para mulheres e 138 mmHg para homens.

No Brasil, são as mulheres que levam os índices de pressão para baixo. Entre elas, a média caiu de 133,6 mmHg para 124,9 mmHg. Entre os homens, os números caíram de 136 para 133 mmHg.

O colesterol, que cai no mundo ocidental desenvolvido, está em alta no Oriente, com destaque para Japão e China, ainda que os índices continuem baixos em relação a outras regiões.

O problema é a mudança de estilo de vida, segundo o cardiologista Raul Dias dos Santos, diretor da área de lípides do InCor (Instituto do Coração).

"Há uma ocidentalização da dieta nesses países, com maior consumo de gordura saturada. Tradicionalmente, os habitantes dessas regiões têm um risco menor de doenças coronárias. O aumento do colesterol faz esse risco crescer."

A queda nos índices dos países ricos é creditada ao aumento do acesso aos remédios para controlar pressão e colesterol, hoje disponíveis como genéricos.

De acordo com o cardiologista, pesquisas anteriores mostram queda na mortalidade por infarto nos EUA nos últimos 30 anos. "Em 25% dos casos, a queda é explicada pela baixa do colesterol."

No Brasil, os índices de colesterol ficaram estáveis em um patamar acima do ideal.

Segundo o cardiologista, a maior dificuldade do tratamento é fazer o paciente tomar o remédio com regularidade. "Hoje, só tem colesterol quem quer. Pouquíssimos não respondem aos medicamentos."

Há 31 anos, 4,8% dos homens e 7,9% das mulheres tinham índice de massa corporal acima de 30, o que configura obesidade.

Três anos atrás, 9,8% dos homens e 13,8% das mulheres já tinham passado dessa marca. Assim, mais de um adulto, em cada grupo de dez, está obeso.

O estudo, conduzido por pesquisadores do Imperial College London e de Harvard, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Fundação Bill e Melinda Gates, é dividido em três partes: obesidade, pressão arterial e colesterol.

Foram pesquisados dados de 199 países e territórios, desde 1980 até 2008.

O Brasil acompanhou a tendência de alta da proporção de gordos.

A China também é destaque, com aumento do índice de massa principalmente entre os homens.



Menos sono

Apesar de os hábitos alimentares terem muito a ver com isso, os processos de urbanização e automatização têm culpa maior, segundo o endocrinologista Bruno Geloneze, coordenador do laboratório de metabolismo e diabetes da Unicamp.

"O gasto energético foi muito reduzido. Não precisa ir muito longe. Sua bisavó, quando tomava suco, espremia a laranja. Hoje, é só abrir a geladeira."

Outra questão importante é a privação de sono. De acordo com Geloneze, de 50 anos para cá, o mundo está dormindo duas horas a menos por noite, o que tem ligação direta com o peso.

"Há uma desregulação do gasto energético, da produção de hormônios da saciedade e uma ativação da glândula suprarrenal, que faz adrenalina e cortisol. Tudo isso facilita o ganho de peso", diz o endocrinologista.

Os Estados Unidos, país que liderou a alta da obesidade, vem tentando atacar o problema com incentivos à alimentação saudável e à prática de exercícios.

De acordo com Geloneze, essas medidas são mal orientadas, porque dão peso muito grande para alimentação e esportes. "Não pode algo pró-esporte. As atividades físicas não programadas, como deslocamentos, pesam mais. O importante é que as cidades permitam que a pessoa ande de bicicleta, a pé."

O consumo de alimentos processados e a ocidentalização da dieta dos orientais contribuem para o fenômeno. O mundo está abandonando a comida in natura em favor da processada, com densidade de calorias muito maior.

A dificuldade de combater o ganho de peso é maior do que a enfrentada na redução de hipertensão e colesterol, que podem ser mais facilmente controlados com medicamentos. "A obesidade envolve consumo alimentar, muito ligado à emoção e estilo de vida. Não há pílula mágica para tratar isso."



Fonte: Folha de S.Paulo - 04/02/2011